O Amor em Schopenhauer: Desejo, Ilusão e Vontade de Viver
Arthur Schopenhauer (1788–1860), filósofo alemão conhecido por seu pessimismo radical, oferece uma visão profundamente original — e muitas vezes perturbadora — do amor humano. Ao contrário da tradição romântica que exalta o amor como sentimento nobre, Schopenhauer o entende como um fenômeno subordinado a uma lógica inconsciente, instintiva e muitas vezes enganosa: a Vontade de Viver ( Wille zum Leben ). 1. A Vontade como essência do mundo Em sua obra principal, O Mundo como Vontade e Representação ( Die Welt als Wille und Vorstellung ), Schopenhauer propõe que o mundo tem uma dupla natureza: ele é representação , aquilo que percebemos com nossos sentidos e mente, mas também é vontade , uma força cega, irracional e incessante que está por trás de todas as coisas. A vontade não é racional nem guiada por propósitos conscientes — ela apenas quer continuar existindo, manifestando-se através de formas naturais como o instinto de sobrevivência, o desejo de reprodução, a fome, a lut...